É certo que alguns povos não se
deixam captar pelas câmeras fotográficas com medo de que o equipamento roube suas
almas. Também sabemos que muitas vezes a fotografia foi usada com pseudoprova
para eventos sobrenaturais como a existência de fadas, doendes, discos voadores
e fantasmas.
Mas o quê de realmente metafísico
tem a fotografia?
A meu ver: muito. Apesar de todo
o arcabouço científico, físico e mecânico que explica a formação da imagem e
desmistifica a prova de muitos eventos sobrenaturais, há, inegavelmente, um
conteúdo que transcende explicações quando se estabelece a fotografia.
E talvez o mais significativo
deles seja a relação de comunicação que nasce entre fotógrafo e o momento da
criação da imagem com o expectador que absorve a fotografia.
Acredito que pensando nisso se
pautou a curadoria da exposição Mágica
Imagem que está em cartaz no Instituto Cultural Iracema até 30 de janeiro
de 2013 e faz parte das ações do Encontro de Agosto 2012, uma
promoção do Fórum da Fotografia
do Ceará.
Como bem observa a coordenadora
da exposição, Patrícia Veloso, na seleção das imagens se quer que os autores
levem “o público a pensar: o que de mágico tem nessa obra?”.
Um dos curadores da exposição,
o fotógrafo e professor da UFC, Silas de Paula,
destaca a ideia na fotografia contemporânea que “olha o passado, busca no futuro
para mostrar-se no presente”. Nessa hora a captação de imagens trabalha o
aspecto temporal. Como se pudesse parar o tempo a fotografia as vezes pretende congelar o passado e com uma perspectiva de futuro quer mostrar-lo num presente.
Também ressalta o professor o “eterno
paradoxo entre mágica e realidade” que pela fotografia torna-se mais aparente.
A fotografia “reflete uma realidade, mas ao mesmo tempo recusa submeter-se a ela”.
É o caráter transformador da fotografia. Ela capta uma determinada situação,
mas ao mesmo tempo esta situação se consubstancia em outra realidade, a
realidade da imagem, que não é exatamente a matéria captada, mas sua
representação.
Também podemos dizer, ainda sobre
o caráter transformador da fotografia, que o fotógrafo muitas vezes registra
uma realidade de tal forma que sua representação gere no expectador a perspectiva
de mudança. É a fotografia em seu caráter político. É a mágica de se
transformar consciências através da ideia inscrita em toda boa fotografia.
Enfim, Mágica
Imagem tem muito a nos ensinar. Como toda boa exposição de fotografia
nos faz refletir, e talvez esta seja a maior mágica proporcionada pela
experiência fotográfica.
Boa exposição!
SERVIÇO
12 de dezembro até 30 de janeiro de 2013
das 16 às 21h de terça a sábado
Instituto Cultural Iracema
Instituto Cultural Iracema
Entrada franca
85 3261 0525
Nenhum comentário:
Postar um comentário