segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Últimas semanas para apreciar Chico Albuquerque no MAC-CE

Este blog não é atualizado há vários anos, estou retomando a escrever para falar sobre a obra de Chico Albuquerque em exposição no MAC-CE do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura até o próximo dia 17/09.

Ou talvez não exatamente sobre isso, já que a exposição teve grande repercussão e muito já se disse sobre o legado de Chico Albuquerque não só para o Ceará, mas para o Brasil, mesmo que nunca seja muito falar sobre Chico Albuquerque queria sim ressaltar o trabalho de curadoria e produção de Patrícia Veloso (Terra da Luz Editorial) sem o qual acredito a exposição não poderia ter se concretizado como foi.

Estive na última quarta (30/08) na visita guiada que Patrícia proporcionou gratuitamente a quem se interessasse em se aprofundar na obra de “Seu Chico” (como ela carinhosamente o chama). Foi uma verdadeira aula sobre a fotografia. A história de Chico Albuquerque se confunde com a história da fotografia no Ceará e do Brasil, sem ele não se pode falar da fotografia cearense, e talvez seja o seu maior representante.

Autorretrato de Chico Albuquerque, Divulgação


O Pai de Chico Albuquerque, Ademar Bezerra de Albuquerque, foi o fundador da Abafilm a mais importante firma de fotografia do Ceará, entre seus feitos está o patrocínio de Benjamim Abrahão que fez o mais contundente e naturalista registro do bando de Lampião.

Chico Albuquerque também esteve ligado (ele fez o still do filme) às filmagens de It’s all true, mítico filme inacabado de Orson Wells que teve algumas filmagens realizadas no Ceará. Cenas do filme, que são preciosidades podem ser vistas na exposição e fica claro como o encontro com Wells foi determinante para o olhar que Albuquerque desenvolveria em sua fotografia posteriormente. Ouso dizer que também a dimensão do trabalho de Wells foi fundamental para o profissionalismo que Albuquerque sempre pautou no seu trabalho. Isso fica evidente no trabalho como retratista e depois fotógrafo publicitário e de arquitetura com o quais Albuquerque se estabeleceu em São Paulo.

Outro aspecto importância histórica que Patrícia destacou na visita guiada foi o vínculo e o tamanho que Albuquerque conseguiu alcançar no Foto Cine Clube Bandeirante. Ela cita, por exemplo, que quando Albuquerque apresenta seu portfólio aos integrantes do fotoclube praticamente se impõe como um dos seus mais importantes membros.

Um dos fatos que me chamou atenção foi o destaque na exposição para o retrato feito por Albuquerque de Geraldo de Barros que na época causava discussão por sua fotografia “peculiar” e muitas vezes questionada se realmente poderia ser chamada de fotografia. Hoje Geraldo é considerado um dos maiores artistas brasileiros do século XX e isso é interessantemente e sutilmente colocado na exposição.

Destaco também como Patrícia consegui trabalhar em conjunto com o IMS – Instituto Moreira Salles (em parceria com o também curador Sergio Burgi) responsável por grande parte do acervo de Albuquerque sobre tudo seu trabalho em São Paulo. A capital paulista por sinal é magistralmente representada em uma sala com fotografia antológicas e pouco conhecidas do público cearense. Essas imagens dialogam perfeitamente com as fotografias do Mucuripe, Jericoacoara e Frutas. Deve ter sido um trabalho árduo fazer esse meio de campo entre o IMS e as fotografias do acervo do Ceará tal a abrangência dos temas. O IMS é hoje talvez a instituição mais importante do Brasil quando se fala em fotografia e preservação de acervos e essa comunicação entre o IMS e o Ceará foi o grande trunfo de Patrícia e do projeto.

Quem ainda não visitou a exposição ela segue até o dia 17/09/2017 e é imperdível. Trata-se de: Fotografia, História, Arte e Mercado. Recomendo separar uma tarde inteira para desfrutar do profissionalismo misturado à técnica e arte de Chico Albuquerque.

Também uma ótima dica é adquirir as publicações em torno da obra do fotógrafo, registros históricos e belíssimos que podem ser levados para casa e guardados como tesouros.

SERVIÇO
Museu de Arte Contemporânea do Ceará – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Até 17/09/2017
Terça a sexta: 9h às 19h
Sábados, Domingos e Feriados: 14h às 21h

EC