terça-feira, 27 de setembro de 2011

Curadora Rosely Nakagawa fala sobre a Fotografia no Nordeste


Ainda como programação do Encontros de Agosto 2011, evento de iniciativa do Fórum da Fotografia - Ceará que discutiu em Fortaleza a temática da Fotografia Contemporânea e realizou uma série de boas exposições, haverá palestra da arquiteta e curadora Rosely Nakagawa (SP) que abordará o tema "A fotografia no Nordeste: percursos e perspectivas" no CCBNB de Fortaleza, nesta quinta, dia 29 às 19h30.

Como aperitivo confira entrevista da curadora no site OlhaVê.
Folder de Divulgação

Serviço:
Palestra
A fotografia no Nordeste: percursos e perspectivas
Rosely Nakagawa (SP)
29 de setembro, quinta feira às 19h30
Centro Cultura Banco do Nordeste
Rua Floriano Peixoto, 941, Centro, Fortaleza - CE
+ 85 3464 3108

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Londres de José Guedes

Qual a proximidade entre a pintura e a fotografia¿ Ou melhor, qual a distância¿ Em quais aspectos a fotografia é pintura, e a pintura é fotografia. Estas perguntas parecem superadas na arte contemporânea, mas o público em geral ainda se pergunta: é foto ou é uma pintura¿ 

No início da fotografia os então fotógrafos queriam dar contornos de “arte” à fotografia, eram os pictorialistas que equiparavam a fotografia à pintura então maior expressão de arte da época. Com o passar do tempo fotógrafos como Paul Strand que capturavam imagens com o interesse em reproduzir a “realidade” (os chamados realistas) e com a popularização de iniciativas como a da Kodak que tornou a fotografia acessível a muitas pessoas é que fotografar começou a ser visto como uma maneira de expressar a “verdade”. 

Hoje impera a liberdade. Ainda há os fotógrafos documentaristas que procuram mostrar os fatos. Mas claro que esses fatos estão sempre impregnados de uma visão de mundo e o recorte da câmera é antes de tudo uma posição política. Ocorre que a verdade está à disposição de quem fotografa e mostra sua opinião sobre os fatos. Além ainda da questão da manipulação digital (ou mesmo analógica) da imagem que pode ser trabalhada e distorcer a “realidade” em favor de uma “verdade desejada”. 

Ao mesmo tempo a fotografia é cada vez mais usada nas artes plásticas em diferentes contextos, aceitos pelos curadores tendo em vista que a arte contemporânea já superou a questão do suporte que pode ser múltiplo e variado e que está sempre em função da idéia e da estética do artista. 

José Guedes com a exposição virtual “Londres”, que esteve hospedada no FaceBook, coloca essas questões em discussão. Mas com uma clara e consciente noção que não esta praticando a fotografia documental. Apesar de suas imagens tangenciarem esse aspecto – mesmo porque escolheu Londres como palco para as imagens. 

Ele que começou sua trajetória de artista plástico ligado à pintura nos mostra nesta exposição a face pictórica que pode ter a fotografia. Há nas fotos uma preocupação com a cor, com a composição e com a idéia. Para isso não hesita em usar a manipulação eletrônica (leia-se tratamento eletrônico da imagem) para obter a fotografia/pintura que deseja. Aqui o método fotográfico é só o principio da criação da obra. Um instrumento a captar cenas do cotidiano de Londres que depois foram trabalhadas às ordens do conceito que o artista propõe a nos mostrar. 

Há desfoques explícitos, cores super saturadas e as figuras humanas que geralmente compõe as imagens, mas que não estão lá como centro das atenções. Estas características remetem a uma opinião e eu diria que até mesmo a uma crítica à cidade de Londres e aos londrinos. Ou, quem sabe, uma sugestão de mudança. 

Numa cidade em que as pessoas estão sempre preocupadas com seus afazeres e o trabalho, suas metas e seu “foco”. Bem como a característica cinzenta da cidade que permite poucas cores e lhe dá um ar de sobriedade. Guedes enfatiza as características pictóricas das imagens com detalhes em cores fortes, o desfoque acentuado, e, ainda, compõe as cenas levando as pessoas a integrarem a paisagem. Num manifesto por uma Londres mais colorida, mais relaxada e mais humana. 

A mostra não deixa de ser um documento, como as cidades de Cristiano Mascaro o são, ou como a Paris de Eugène Atget. Mas é um documento pelo contraste, não pelo cominho nítido e real de Mascaro e Atget. Para Guedes, mais importante do que a Londres que é, é o que ela poderia vir a ser, pelos olhos, digo, pela opinião do artista. 


Setembro de 2011 

Links relacionados
http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2011/07/25/noticiavidaeartejornal,2271035/facebook-vira-galeria-para-artista.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia
http://www.google.com/search?q=Paul+Strand&hl=pt-BR&biw=1280&bih=705&prmd=imvns&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=fEhyTsr9I9GfsQKIw8mACg&ved=0CCsQsAQ
http://www.infopedia.pt/$pictorialismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_contempor%C3%A2nea
http://www.joseguedes.com/
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=1471
http://www.google.com/search?q=atget+eug%C3%A8ne&hl=pt-BR&biw=1280&bih=705&prmd=imvns&source=lnms&tbm=isch&ei=2UxyTt7hEpHJ0AHK8-2fDg&sa=X&oi=mode_link&ct=mode&cd=2&ved=0CBAQ_AUoAQ
 

Imagens relacionadas

Divulgação
José Guedes
fonte: http://www.opovo.com.br

Capa do Livro Paul Strand Olhar Direto editado pelo Instituto Moreira Salles
fonte: http://ims.uol.com.br/

Foto por Cristiano Mascaro - Pico do Jaraguá - São Paulo - SP
fonte: http://www.itaucultural.org.br

Foto por Eugène Atget
fonte: http://phomul.canalblog.com