Semana passada, tive acesso a alguns postais antigos. Alguns do fim do Século XIX, a maioria da primeira metade do Século XX. Trabalhei (ainda estou trabalhando) na digitalização e catalogação deles. A maioria é fotografia, algumas “fotografias pintadas” outros são ilustrações.
Muitos têm recados e pequenas cartinhas como é próprio dos cartões postais. Fico imaginando o quanto de memória e mesmo de História é possível registrar nesses verdadeiros documentos.
Cartão Postal: Coleção Particular |
A fotografia aliada à dedicação de algumas pessoas que reconhecem o tesouro desses objetos e os preservam com todos os cuidados é instrumento fundamental da história.
Com a chegada dos meios digitais e suas “facilidades” é necessário aprimorar a dedicação e os cuidados que existiam com o físico agora também com o virtual. Além da possibilidade ainda de divulgação e compartilhamento desses acervos em grande escala através principalmente da internet.
No Ceará, o Nirez – inclusive com exposição Fortaleza: Memórias do Tempo sob sua curadoria no Espaço Cultual Porto Freire –, é um exemplo de como se deve fazer para preservar, estudar e compartilhar a memória. Funções que não devem ser só dos museus e dos historiadores, mas inclusive, também de fotógrafos, por meio de seus bancos de imagens, e das pessoas em geral com seus acervos pessoais e familiares.
É em arquivos como esses, carregados de memória, que a artista Rosângela Rennó, busca inspiração para o seu trabalho. Trata-se de fotografia e arte contemporânea da melhor qualidade e importância como pensamento crítico do passado e reflexão para o futuro.
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Imagem: Rosângela Rennó |
Chega-se a dizer que ela é uma fotógrafa que não fotografa, mas continua a ser uma fotógrafa. Sua matéria prima é a memória contida nas imagens. Delas e da sua recontextualização estética nasce o conceito em sua arte.
Em tempos como o nosso de imagens descartáveis. Intelectuais como o Nirez e Rosângela Rennó preservam um valor fundamental da fotografia, a memória. E devem ser seguidos pelos fotógrafos na administração de seus bancos de imagens, que são também bancos de documentos históricos, fundamentais para o futuro.
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Enio Castelo
Maio de 2011.